Os Estados Unidos e a Rússia anunciaram, nesta terça-feira (18), a formação de equipes de alto nível para negociar o fim da guerra na Ucrânia, segundo o Departamento de Estado dos EUA.
O anúncio foi feito após uma reunião entre autoridades dos dois países na Arábia Saudita, onde o conflito ucraniano esteve entre os principais temas discutidos. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, concordaram em designar representantes para iniciar o mais breve possível as negociações em busca de um acordo que encerre a guerra.
No entanto, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou na segunda-feira (17) que não participará das negociações entre EUA e Rússia e rejeitará qualquer proposta de paz resultante desse diálogo.
O encontro realizado nesta terça-feira, em Riade, marcou o primeiro diálogo oficial entre Estados Unidos e Rússia sobre um possível acordo para encerrar o conflito na Ucrânia. A reunião aconteceu poucos dias após os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin conversarem por telefone e concordarem em dar início imediato às negociações pela paz.
De acordo com Yuri Ushakov, assessor de política externa do governo russo, o encontro foi produtivo e caracterizado como “uma discussão séria sobre todas as questões envolvidas”, segundo a agência de notícias russa Ifax.
A delegação americana contou com o secretário de Estado Marco Rubio, o enviado especial de Donald Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e o assessor de segurança nacional, Mike Waltz. Representando o governo russo, Yuri Ushakov acompanhou o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov.
A reunião também buscou abordar a retomada das relações bilaterais entre Estados Unidos e Rússia, além de preparar o terreno para um futuro encontro entre Trump e Putin, conforme informou o Kremlin. Ushakov acrescentou que foram discutidos detalhes sobre a reunião entre os dois líderes.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, solicitou nesta terça-feira que a Otan reconsidere sua promessa de incluir a Ucrânia em sua aliança militar, reafirmando a postura contrária do governo russo à adesão ucraniana. Não está claro se esse pedido foi formalmente apresentado aos Estados Unidos durante o recente encontro entre os países.
Em uma coletiva de imprensa realizada em Moscou, o Kremlin destacou que, embora os EUA e a Rússia tenham mantido diálogos durante a reunião, ainda há divergências significativas sobre questões de segurança relacionadas à Ucrânia e às alianças militares do país. O governo russo também enfatizou que não pretende interferir na soberania ucraniana.
Enquanto isso, o presidente da Ucrânia seguirá com sua agenda internacional, visitando a Arábia Saudita na quarta-feira (19), viagem já programada antes do anúncio oficial da reunião entre autoridades americanas e russas.
O recente contato entre Trump e Putin sinalizou uma mudança drástica na política externa dos EUA, pondo fim ao isolamento diplomático de Moscou desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Essa reaproximação gerou preocupações entre os países europeus, que agora buscam garantir seu envolvimento nas negociações para um possível acordo de paz no conflito.
Além disso, representantes dos EUA e da Rússia abordaram, durante o encontro, possíveis colaborações econômicas futuras, incluindo a estabilização dos preços globais de energia, segundo Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano russo, em entrevista à agência Reuters.
