Chitãozinho destaca papel dos novos artistas: “Eles continuam o que começamos”
O cantor Chitãozinho, uma das maiores referências da música sertaneja brasileira, será um dos homenageados no Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira, ao lado do irmão e parceiro de longa data, Xororó. A participação da dupla foi oficialmente anunciada nesta quarta-feira (9/4) pelo próprio banco, que também reconhece e incentiva novos talentos da cena musical — algo que, segundo Chitãozinho, dialoga diretamente com a trajetória deles.
Durante uma conversa com o portal Estadão, o artista comentou sobre o carinho que sente ao ver vozes da nova geração, como Marina Sena e Juliana Linhares, reinterpretando sucessos imortalizados pela dupla.
“É emocionante ver esses jovens artistas levando adiante o que criamos décadas atrás. A música rompe qualquer barreira”, declarou Chitãozinho, visivelmente tocado. “São mais de 40 anos de história sendo revisitados com novas cores e sentimentos. Isso não tem preço. A música sempre se renova, está sempre viva!”, completou.
Chitãozinho acredita que, apesar das facilidades oferecidas pelo cenário digital, como o alcance das redes sociais e o poder dos vídeos virais, a excelência continua sendo o principal diferencial para quem deseja se destacar no meio musical.
“Hoje em dia, há mais portas se abrindo, mas também uma concorrência acirrada. Nem todos priorizam a qualidade no que produzem”, refletiu o cantor.
A cerimônia do Prêmio BTG Pactual da Música Brasileira já tem data marcada: acontece no dia 4 de junho, no Rio de Janeiro. A escolha da dupla como homenageada foi unânime, feita por um conselho de peso que reúne nomes como Gilberto Gil, Ney Matogrosso e Criolo.
“É uma honra participar de um prêmio tão respeitado. Quando soubemos que a decisão foi unânime, ficamos extremamente felizes. Foi como receber um carinho do Brasil inteiro”, contou Chitãozinho. Para ele, cada apresentação ainda carrega o frio na barriga de uma estreia.
Ao longo da carreira, a dupla sempre buscou inovar, mesmo que isso significasse quebrar barreiras dentro do próprio gênero. Um exemplo marcante foi quando fundiram o sertanejo tradicional com elementos pop, na releitura de “No Rancho Fundo”, que ganhou projeção com a novela Tieta.
“Muitos torceram o nariz. Disseram que estávamos descaracterizando a música. Mas tivemos o aval da família de Ary Barroso. Foi gratificante e o público abraçou. Acertamos de novo”, relembra, com orgulho.

No Rancho Fundo
Com mais de cinco décadas de trajetória, Chitãozinho também comenta sobre a proximidade com artistas da MPB, construída com naturalidade. Essa troca se intensificou com o programa “Amigos”, da TV Globo, que reuniu grandes nomes da música brasileira.
“Graças ao nosso diretor, Aloysio Legey, convivemos com cantores incríveis. Um momento inesquecível foi cantar com o Milton Nascimento. Que voz, que energia!”, recorda.
Atualmente, os irmãos têm reduzido o ritmo de shows para desfrutar mais a vida fora dos palcos. “Estabelecemos uma média de 20 apresentações até o fim do ano, mas devemos fazer no máximo 30”, revelou o artista. Entre os projetos futuros está o lançamento de “Casa da Avó”, uma nova música com a participação do filho caçula, Enrico, e, claro, com Xororó.
Mesmo com um repertório consolidado e uma legião de fãs fiéis, a dupla mantém a disciplina.
“Nosso segredo é simples: ensaiamos semanalmente, fazemos aulas de vocalização e tratamos cada show como se fosse o primeiro”, afirma. Para Chitãozinho, o que sustenta uma carreira longeva é respeitar a própria história e se entregar de verdade em cada nota.
