Trump reage às críticas de Elon Musk ao governo dos EUA: “Decepcionado”
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou nesta quinta-feira (5) sua insatisfação com Elon Musk, alegando que o bilionário está incomodado com sua gestão por conta do fim de políticas que favoreciam veículos elétricos.
Trump atribuiu o desentendimento à revogação de medidas implementadas durante o mandato de Joe Biden, que promoviam a transição energética e incentivavam o desenvolvimento de carros elétricos. Ele apelidou essas ações de “mandato do carro elétrico“, dizendo que sua administração as encerrou.
Durante uma reunião com o chanceler alemão Friedrich Merz, na Casa Branca, Trump comentou as críticas feitas por Musk a um recente pacote orçamentário proposto pelo governo, o qual o empresário classificou como “escandaloso e repugnante”. Musk chegou a afirmar que os parlamentares que apoiaram o projeto deveriam se envergonhar.
Trump respondeu dizendo que “esperava mais” de Elon Musk e que “a relação entre os dois não é mais a mesma”.
“Estou bastante decepcionado com o Elon. Dei muito apoio a ele”, afirmou no Salão Oval.
Pouco tempo depois, Musk rebateu nas redes sociais dizendo que não foi consultado sobre o projeto e reclamou da manutenção de cortes nos subsídios para carros elétricos, enquanto os incentivos ao setor de petróleo permanecem intactos.
“Isso é profundamente injusto”, escreveu.
Em outro post, Musk afirmou:
“Sem a minha ajuda, Trump teria perdido a eleição, os democratas estariam no controle da Câmara e o Senado estaria com maioria mais confortável. É muita ingratidão.”
Logo após essa troca de declarações, as ações da Tesla acentuaram a queda que já apresentavam desde a abertura do pregão. O recuo passou de 3% para quase 6%. No acumulado de 2025, os papéis da montadora já registram queda de 22%.
As recentes aproximações políticas de Musk com setores da extrema direita têm provocado protestos contra a marca, levantando preocupações entre investidores sobre possíveis impactos na reputação da empresa.
Críticas ao Orçamento
Musk havia afirmado, no início da semana, que o novo projeto fiscal aumentaria o déficit público em US$ 2,5 trilhões, o que poderia colocar os Estados Unidos em uma situação de dívida insustentável.
Ele acusou o Congresso de conduzir o país à falência, apesar de ambas as casas legislativas serem dominadas por republicanos, o mesmo partido de Trump.
Saída conturbada do governo
Até recentemente, Musk ocupava o cargo de diretor do Departamento de Eficiência Governamental (Doge), onde atuava na contenção de gastos públicos. Ele deixou o posto em 28 de maio, um dia após fazer críticas públicas ao plano fiscal defendido por Trump.
Em 30 de maio, ele apareceu ao lado do presidente para uma despedida formal no Salão Oval.
“Elon vai continuar por perto. Ele sempre volta”, comentou Trump, sinalizando que Musk poderia seguir como conselheiro informal.
Nos bastidores, no entanto, aliados do presidente vinham manifestando desconforto com o comportamento imprevisível do empresário. Segundo fontes próximas ao governo, alguns já viam Musk como um peso político.
Ainda segundo relatos, a saída do bilionário do governo aconteceu de maneira repentina e sem diálogos formais.
No último sábado (31), Trump cancelou a nomeação de um aliado de Musk para a chefia da Nasa, sem justificar publicamente. Informações internas indicam que a decisão causou frustração no empresário.