Grupo é preso no Quênia com 5 mil formigas armazenadas em tubos e suspeito de integrar rede de tráfico internacional
Dois jovens belgas foram detidos no Quênia sob acusação de tráfico de espécies silvestres nesta terça-feira (15), após autoridades encontrarem mais de cinco mil formigas selvagens armazenadas em tubos de ensaio. A apreensão ocorreu no condado de Nakuru, região que abriga diversos parques nacionais.
As formigas estavam organizadas em mais de dois mil tubos, cada um com algodão umedecido para garantir a sobrevivência dos insetos por longos períodos. Os suspeitos foram localizados em uma casa de hóspedes onde estavam hospedados.
Além deles, dois quenianos também foram presos em Nairóbi, portando cerca de 400 formigas, avaliadas em aproximadamente US$ 7.700, segundo as autoridades locais. Todos os envolvidos agora enfrentam acusações por envolvimento em um esquema de tráfico internacional de insetos.
De acordo com o Serviço de Vida Selvagem do Quênia (KWS), os quatro fazem parte de uma rede criminosa que comercializa formigas para mercados especializados na Europa e na Ásia. Entre os exemplares apreendidos está a Mesor cephalotes, uma formiga colhedora de grande porte e coloração avermelhada, típica da África Oriental.
O KWS alertou que a exportação clandestina dessas espécies afeta diretamente a soberania do país sobre sua biodiversidade e gera perdas para comunidades locais e instituições de pesquisa que dependem desses ecossistemas.
“Essa prática não só fere os direitos ecológicos do Quênia, como também impede benefícios científicos e econômicos locais”, afirmou o órgão em comunicado oficial.
Nos últimos anos, o Quênia tem intensificado o combate ao comércio ilegal de partes de animais como elefantes, rinocerontes e pangolins. Contudo, os recentes casos envolvendo insetos sinalizam uma nova tendência:
“O foco do tráfico está migrando de mamíferos carismáticos para espécies menos visíveis, mas igualmente vitais para o equilíbrio ambiental”, declarou o KWS.
Philip Muruthi, vice-presidente da Africa Wildlife Foundation, reforçou a importância ecológica das formigas e outros pequenos organismos.
“Quando olhamos para uma floresta preservada, como a de Ngong, não pensamos nos elementos invisíveis que a mantêm viva. São as conexões — de bactérias a formigas — que sustentam todo o ecossistema”, explicou.
