Preta Gil: a artista que transformou dor em força e voz em resistência
Preta Gil, nascida Preta Maria Gadelha Gil Moreira em 8 de agosto de 1974, no Rio de Janeiro, foi muito mais do que apenas a filha de um ícone da música brasileira. Filha do lendário Gilberto Gil com Sandra Gadelha, ela cresceu cercada por arte, cultura e música, mas traçou seu próprio caminho, com personalidade marcante e voz potente.
Início da carreira
Apesar de seu sobrenome famoso, Preta batalhou muito para conquistar seu espaço. Ela iniciou sua trajetória na música nos anos 2000, lançando seu primeiro álbum, “Prêt-à-Porter” (2003), que logo mostrou sua versatilidade artística e sua ousadia estética. Ela transitava entre o pop, o samba, a MPB e até o funk carioca, sempre valorizando a diversidade sonora e desafiando padrões impostos à mulher na indústria musical.
Foto do álbum “Prêt-à-Porter”
Uma voz contra o preconceito
Ao longo dos anos, Preta se consolidou como uma ativista da diversidade, da liberdade corporal e da autoestima feminina. Sem medo de se expor, enfrentou críticas ao seu corpo, à sua sexualidade e à sua postura sem filtros. Tornou-se uma referência de empoderamento para milhares de mulheres brasileiras especialmente as negras e gordas, que se viam pouco representadas na mídia.
Com seu tradicional Bloco da Preta, no carnaval carioca, ela reuniu multidões e promoveu uma celebração marcada pela alegria, pela inclusão e pela energia positiva.
Além da música
Preta também atuou como atriz em novelas e filmes, empresária e apresentadora. Nos bastidores, ela foi produtora, diretora de shows e dona de seu próprio selo musical. Foi uma mulher de múltiplas camadas e de uma inquietação criativa constante. Sua produtora ajudou a impulsionar carreiras e a incluir mais diversidade nos palcos e telas do Brasil.
Enfrentando a doença com coragem
Em janeiro de 2023, Preta revelou publicamente o diagnóstico de um câncer no intestino, o qual enfrentou com uma sinceridade comovente. Ela dividia nas redes sociais os bastidores do tratamento, os dias difíceis, as pequenas vitórias e a importância do apoio familiar e espiritual. Mesmo fragilizada, usou sua visibilidade para conscientizar o público sobre o câncer e o autocuidado.
Após uma cirurgia delicada e meses de quimioterapia, a artista chegou a anunciar uma remissão. Mas, infelizmente, em 2024, foi detectada uma metástase, e ela precisou retomar o tratamento desta vez, buscando alternativas nos Estados Unidos.
Legado eterno
Preta Gil faleceu em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, deixando um legado que vai muito além da música. Ela foi uma voz potente da mulher negra, da liberdade e da arte. Inspirou pelo exemplo, pela transparência e por sua capacidade de transformar vulnerabilidade em força.
Sua história se entrelaça à do Brasil contemporâneo um país que precisa, cada vez mais, de figuras como Preta: corajosas, autênticas e transformadoras.
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