Após um século, cientistas capturam imagens inéditas de lula-colossal no fundo do mar
Pela primeira vez em um século, uma lula-colossal foi flagrada viva em seu habitat natural, marcando um feito histórico para a ciência. A gravação inédita foi realizada por uma equipe internacional de pesquisadores e marinheiros durante uma expedição conduzida pelo Schmidt Ocean Institute no Atlântico Sul profundo.
Conhecida pelo nome científico Mesonychoteuthis hamiltoni, essa espécie é considerada o maior invertebrado em massa do planeta. Um exemplar adulto pode alcançar até sete metros de comprimento e pesar impressionantes 500 quilos.
Apesar da fama por seu tamanho gigantesco, o indivíduo registrado em vídeo era um filhote, com aproximadamente 30 centímetros de comprimento. As imagens foram captadas no início de março e vieram a público na terça-feira (15), chamando a atenção de especialistas e entusiastas da vida marinha ao redor do mundo.
O registro histórico foi feito nas profundezas do Oceano Atlântico Sul, a cerca de 600 metros abaixo da superfície, nas imediações das Ilhas Sandwich do Sul. De acordo com a equipe da expedição, o encontro com o animal foi totalmente inesperado e ocorreu de forma acidental, como explicaram em comunicado oficial.
Até então, a lula-colossal jamais havia sido observada viva em seu ambiente natural. O conhecimento sobre a espécie era bastante limitado, baseado quase exclusivamente em fragmentos encontrados no trato digestivo de baleias e outros grandes predadores marinhos. Por isso, muitos aspectos da biologia, comportamento e ecologia desse gigante abissal permanecem um mistério para os cientistas.
Uma das raras descobertas confirmadas pelos cientistas sobre a lula-colossal é que, durante sua fase jovem, ela possui um corpo translúcido, permitindo que seus órgãos internos sejam visíveis a olho nu. Contudo, essa transparência característica desaparece com o passar do tempo, à medida que o animal atinge a maturidade.
Essa peculiaridade, porém, traz um desafio adicional para os pesquisadores: identificar e localizar exemplares jovens da espécie se torna extremamente difícil, já que eles podem ser facilmente confundidos com as chamadas lulas-de-vidro, um grupo de cefalópodes da mesma família (Cranchiidae) que também apresentam corpos quase invisíveis nas águas profundas.
