A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) deu início nesta quarta-feira (19) à Operação Strangulatio, com o objetivo de combater a atuação do crime organizado dentro dos presídios do Rio de Janeiro e enfrentar as regalias concedidas a chefes do Comando Vermelho, como visitas íntimas irregulares. A ação visa desarticular práticas ilegais dentro das unidades prisionais e reforçar o controle sobre as atividades criminosas dentro das cadeias.
Os agentes realizaram uma operação minuciosa nas celas dos presídios Gabriel Ferreira Castilho, Benjamin de Moraes e Alfredo Trajan, localizados no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu. Durante a ação, foram encontrados 46 celulares, reforçando o combate à comunicação ilícita dentro das unidades prisionais.
A operação contou com o apoio da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), que implementou o bloqueio móvel do sinal de telefonia dentro das unidades prisionais.
As operações começaram na semana passada e resultaram na apreensão de 110 celulares e 2 quilos de material suspeito de ser entorpecente. Além disso, 39 detentos foram isolados, entre eles William Sousa Guedes, conhecido como Corolla; Marco Antonio Pereira Firmino, o My Thor; e Luiz Fernando do Nascimento Ferreira, chamado de Nando Bacalhau.
- “A Seap tem trabalhado para desestruturar a rede de comunicação desses grupos criminosos. Agora, estamos endurecendo ainda mais as medidas”, disse a secretária Maria Rosa Lo Duca Nebel.
Aumenta o número de visitantes presos tentando entrar com itens proibidos
O número de visitantes presos tentando ingressar com itens proibidos disparou entre 2021 e 2024, com os casos passando de 24 para 72, um aumento de três vezes. Durante essas tentativas, cerca de 25 quilos de drogas foram apreendidos nas partes íntimas dos visitantes, identificados por scanners corporais.
Na Operação Chamada Encerrada, realizada nos anos de 2023 e 2024, a Seap confiscou 16 mil celulares (aproximadamente 10 mil em 2024 e 6 mil em 2023) tanto nas entradas das unidades prisionais quanto em seu interior.
Líderes do Comando Vermelho receberam visitas íntimas irregulares dentro de presídios
Em 9 de fevereiro deste ano, um incidente envolvendo traficantes do Comando Vermelho (CV) gerou grande repercussão. Corolla, My Thor e Nando Bacalhau, todos líderes do tráfico, receberam visitantes de maneira irregular no parlatório da Penitenciária Gabriel Castilho. Por conta disso, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) abriu uma sindicância para investigar as responsabilidades sobre essas visitas íntimas não autorizadas.
Embora os detentos tenham direito a visitas íntimas de suas companheiras ou esposas, as visitas nos três casos apresentaram irregularidades. My Thor, que teria recentemente se separado, ainda não havia cadastrado sua nova companheira, mas mesmo assim a recebeu na unidade. No ano passado, ele foi alvo de uma operação que investigava o tráfico de cocaína entre Rio e São Paulo, e pelo menos dez celulares foram apreendidos na cela onde ele estava. Ele é considerado o chefe do tráfico nos morros Santo Amaro e Azul, na Zona Sul do Rio.
Já Corolla, que foi preso em julho do ano passado, recebeu uma mulher diferente da que estava registrada como sua esposa. Antes de ser preso, ele era conhecido por ostentar nas redes sociais, praticar treino físico com coletes e fuzis para se preparar para os confrontos do tráfico e por seu extenso histórico criminal, com 54 anotações em sua ficha. A polícia o aponta como chefe do tráfico no Morro São João, no Engenho Novo.
