Musk anuncia possível desativação de nave espacial vital para os Estados Unidos após divergência com Trump
Elon Musk anunciou nesta quinta-feira (5) que pretende desativar a nave Dragon, utilizada pela Nasa em missões de transporte de astronautas até a Estação Espacial Internacional (ISS). A declaração veio após tensões com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sinalizou a possibilidade de romper contratos com empresas do bilionário.
A afirmação foi feita por Musk em sua própria rede social, X, onde também criticou a postura do governo norte-americano:
“Diante da ameaça presidencial de cancelamento dos contratos estatais, a SpaceX começará o processo de desativação da nave Dragon imediatamente”, escreveu.
Até o momento, a SpaceX não divulgou nota oficial sobre a declaração de Musk. A companhia, que atua tanto com missões espaciais comerciais quanto governamentais, é uma das principais parceiras da Nasa inclusive na realização de missões com passageiros civis.
A nave Dragon foi pioneira ao realizar, em 2020, o primeiro voo tripulado de uma empresa privada rumo à ISS. Desde então, passou a ser peça-chave nas operações espaciais americanas.
Além disso, a SpaceX também está envolvida no ambicioso projeto Artemis, cujo objetivo é levar novamente humanos à superfície lunar. A empresa lidera a construção da Starship, nave considerada a mais potente já desenvolvida, e que também é parte do plano de Musk para uma futura missão rumo a Marte um sonho antigo que já contou com o apoio do próprio Trump.
O envolvimento de Musk com programas do governo americano começou a gerar desconforto após sua entrada na esfera política, especialmente quando foi anunciado como integrante de cargos estratégicos na administração federal. Desde então, críticos apontam possíveis conflitos de interesse nos contratos da SpaceX com o Estado.
Figura central na campanha do republicano Donald Trump e um de seus maiores financiadores, Elon Musk assumiu em janeiro o comando do chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) uma estrutura criada com o objetivo de revisar e cortar gastos públicos.
Apesar do nome, o DOGE não fazia parte da administração formal dos EUA, e suas atividades tinham um prazo definido: encerrar-se no final de maio.
Durante sua passagem pelo cargo, Musk prometeu implementar reduções drásticas nas despesas do governo, mas suas medidas acabaram provocando forte repercussão negativa. Entre as críticas mais contundentes, estão as alegações de desmonte de iniciativas sociais e grandes cortes de pessoal em setores públicos essenciais. Além disso, o empresário foi acusado de manipular os números economizados, apresentando valores inflacionados para justificar as ações.
Musk deixou oficialmente a função no dia 28 de maio, dois dias antes do previsto. Pouco tempo depois, ele foi visto em um encontro com Donald Trump na Casa Branca, alimentando especulações sobre o futuro da relação entre os dois que já mostram sinais de desgaste público.
Apesar de elogiar publicamente a trajetória de Elon Musk e sugerir um possível retorno dele ao governo, o presidente norte-americano viu a relação com o bilionário se deteriorar rapidamente nos últimos dias especialmente através das redes sociais, espaço preferido por ambos para enviar recados e expor conflitos.
O atrito público foi além das palavras. Como reflexo do desgaste, Trump recuou na indicação de Jared Isaacman para assumir a Nasa, nome que havia sido anunciado ainda em 2024 como parte de uma reformulação na agência espacial.
Isaacman é conhecido por ser o primeiro civil a realizar uma caminhada espacial, durante uma missão organizada e financiada por ele mesmo em parceria com a SpaceX, também naquele ano. A decisão de retirar seu nome da liderança da Nasa foi vista como mais um sinal do distanciamento entre o governo e aliados próximos de Musk.