Operação realizada em 7 estados desarticula rede de crimes de ódio contra menores; 2 detidos e 6 apreensões efetuadas
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início, nesta terça-feira (15/04), à Operação Adolescência Segura, em 7 estados, com o intuito de desmantelar uma das principais organizações criminosas do país, especializada em crimes cibernéticos direcionados a crianças e adolescentes.
Até o momento, 2 adultos foram detidos e 6 menores apreendidos.
Com o apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), agentes da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav-RJ) cumpriram 2 mandados de prisão temporária, 20 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de internação provisória para adolescentes infratores, em estados como Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
Essa rede criminosa é responsável por uma série de crimes graves no ambiente virtual, entre eles:
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Tentativa de homicídio
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Indução e instigação ao suicídio
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Promoção da automutilação
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Armazenamento e disseminação de pornografia infantil
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Maus-tratos a animais
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Apologia ao nazismo
A investigação revelou que o grupo operava principalmente em plataformas criptografadas, como Discord e Telegram, criando desafios e competições envolvendo crimes de ódio.
Ataque a sem-teto
A origem da investigação remonta a 18 de fevereiro de 2025, quando um morador de rua foi atacado e teve 70% do seu corpo queimado por um adolescente que lançou 2 coquetéis molotov em sua direção. Enquanto isso, Miguel Felipe, maior de idade, filmava e transmitia o ataque ao vivo para cerca de 220 pessoas em um servidor do Discord. Miguel foi preso, e o adolescente foi apreendido e internado provisoriamente pela Dcav.
A vítima relatou: “Só escutei o barulho e senti meu corpo queimando”.
Investigação revela uma rede organizada
Os agentes da Dcav descobriram que o ataque não foi um incidente isolado. “Os administradores dos servidores no qual o crime ocorreu faziam parte de uma organização criminosa altamente estruturada, especializada em diversos tipos de crimes cibernéticos, com foco em crianças e adolescentes”, afirmou a polícia.
A rede era tão impactante no ambiente digital que chamou a atenção de agências internacionais dos EUA, como a HSI (Homeland Security Investigations) e a NCMEC (National Center for Missing & Exploited Children), que emitiram relatórios e colaboraram com as investigações conduzidas pela Polícia Civil.

Polícia apreende provas cruciais durante a Operação Adolescência Segura
Além disso, foi descoberto que a quadrilha utilizava métodos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas, principalmente crianças e adolescentes em idade escolar, criando um cenário de alto risco à integridade física e mental das vítimas.
Como incentivo, recompensas internas eram oferecidas aos membros que se destacassem nas atividades criminosas, informou o MJSP.
Consequências legais
Os envolvidos na organização enfrentarão uma série de acusações, incluindo associação criminosa (art. 288 do Código Penal), indução à automutilação (art. 122, §4º do Código Penal) e maus-tratos a animais (art. 32 da Lei 9.605/98). As penas para esses crimes podem ultrapassar 10 anos de reclusão.
