“DADDY”, DO KORN: A MÚSICA QUE TRAZ À TONA O TRAUMA MAIS PROFUNDO DE JONATHAN DAVIS
Poucas músicas na história do nu metal carregam tanto peso emocional quanto “Daddy”, faixa que encerra o álbum de estreia da banda Korn, lançado em 1994. Longe de ser apenas uma canção pesada, o que torna “Daddy” tão marcante e, para muitos, perturbadora é o relato cru e real de um trauma vivido pelo vocalista Jonathan Davis.
Um grito de dor transformado em arte
Ao contrário do que muitos acreditaram por anos, “Daddy” não é sobre o pai de Jonathan Davis. Na verdade, a música fala sobre um abuso sexual que ele sofreu ainda na infância, cometido por alguém próximo da família e o pior: ninguém acreditou nele quando contou o que aconteceu.

Foto de Jonathan Davis da banda Korn
Essa incompreensão e o sentimento de abandono geraram uma das performances mais viscerais já registradas em estúdio. A dor contida na letra e na interpretação é tão autêntica que, ao final da música, Jonathan começa a chorar descontroladamente, soluçando por quase dois minutos e isso tudo foi mantido na gravação final do álbum.
“Eu não queria que as pessoas sentissem pena de mim. Eu só precisava tirar isso do meu peito”, declarou o vocalista anos depois.
Por que a banda decidiu manter a gravação original
A sessão de gravação de “Daddy” foi extremamente intensa. Jonathan Davis entrou em colapso emocional no estúdio, e a banda chegou a pensar em não incluir a música no disco por respeito ao vocalista. Mas Jonathan insistiu: a música precisava estar lá. Era parte do processo de cura, um desabafo necessário que mostrava o lado mais sombrio e vulnerável do ser humano.
O produtor Ross Robinson, conhecido por extrair interpretações brutais de seus artistas, disse que nunca havia presenciado algo tão real:
“Foi assustador. Ninguém falou nada por um tempo depois que a música terminou. O estúdio ficou em silêncio.”
Por que “Daddy” raramente é tocada ao vivo
Devido ao seu conteúdo emocionalmente devastador, “Daddy” quase nunca é performada ao vivo pelo Korn. A própria banda respeita o peso que a música tem para Jonathan Davis, e ele mesmo já afirmou que não consegue reviver aquilo em cima de um palco sem ser emocionalmente afetado. Em raras ocasiões, como no show de 2015 que marcou os 20 anos do álbum de estreia, a música foi tocada mas nunca com frequência.
O impacto cultural e pessoal da canção
“Daddy” se tornou um marco para fãs que também viveram traumas parecidos. A coragem de Jonathan Davis em transformar sua dor em arte abriu espaço para conversas importantes sobre abuso, trauma e saúde mental no universo do metal um espaço muitas vezes marcado pela agressividade e pelo silêncio sobre vulnerabilidades.
Mais do que uma faixa sombria, “Daddy” é um retrato brutal da verdade, do abandono e da dor não reconhecida. É também uma das razões pelas quais o Korn foi tão revolucionário: eles nunca tiveram medo de escancarar o que outros artistas escondiam.
Curiosidade adicional
O título da música, “Daddy”, foi escolhido justamente para conduzir o ouvinte ao erro como se o pai fosse o abusador. Jonathan já explicou que isso representa a confusão e o direcionamento da raiva de uma criança que não compreende completamente o que está acontecendo ao seu redor, além do ressentimento por não ter sido protegido por quem deveria estar ao seu lado.
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