Após ameaça de sanção a Moraes, governo Lula busca entendimento com autoridades americanas
O governo brasileiro iniciou tratativas discretas com autoridades dos Estados Unidos após declarações do senador norte-americano Marco Rubio, que sugeriu a possibilidade de sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As conversas estão sendo conduzidas em nível diplomático elevado, envolvendo representantes dos escalões mais altos do governo. A movimentação tem como objetivo compreender o alcance da ameaça e tentar evitar um eventual agravamento nas relações bilaterais.
As declarações de Rubio causaram preocupação em Brasília. Durante uma audiência no Congresso dos EUA, no dia 21, ele afirmou que há uma “grande possibilidade” de o governo americano aplicar sanções contra Moraes com base na Lei Global Magnitsky legislação que permite penalizar estrangeiros envolvidos em corrupção ou violações de direitos humanos.
A reação no Itamaraty foi imediata. A diplomacia brasileira considera a fala uma tentativa de interferência em assuntos internos e uma afronta direta ao sistema judiciário do país.
Ambiente de tensão política, mas prevalece a busca por pragmatismo diplomático
Embora os posicionamentos políticos do presidente Lula e do presidente dos EUA, Donald Trump, estejam em lados opostos Lula apoiou a candidatura de Kamala Harris, enquanto Bolsonaro, adversário político de Lula, mantém forte ligação com Trump, especialistas em relações internacionais afirmam que o Brasil deve continuar a conduzir a relação com os Estados Unidos com uma postura pragmática.
Essa abordagem significa que, mesmo diante de discordâncias políticas evidentes, é essencial preservar os vínculos comerciais e diplomáticos. Os EUA seguem como o segundo maior parceiro comercial do Brasil, ficando atrás apenas da China, o que torna essa relação estratégica para ambos os países.
Alexandre de Moraes: figura central nas disputas políticas e diplomáticas
O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, está no epicentro das críticas por parte da base bolsonarista. Ele é o relator do processo que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado que teria ocorrido após as eleições de 2022, envolvendo Jair Bolsonaro e seus aliados.
A ação foi aceita pelo STF e aponta Bolsonaro como integrante do chamado “núcleo essencial” da articulação para desestabilizar a democracia. O processo está atualmente na etapa de coleta de depoimentos de testemunhas, e após essa fase, Moraes apresentará seu voto, que será avaliado por outros quatro ministros na Primeira Turma da Corte.
Além das tensões internas, Moraes também tem sido alvo de críticas no cenário internacional. O deputado americano Cory Mills, alinhado a Trump e próximo à família Bolsonaro, tem se manifestado contra ele. Durante uma sessão na Câmara dos Estados Unidos no dia 21, Mills declarou que o Brasil está passando por um “retrocesso preocupante nos direitos humanos” e classificou Bolsonaro como um possível “preso político”.
Nesse contexto, Mills questionou o senador Marco Rubio sobre a possibilidade de sanções americanas contra Moraes, ao que Rubio respondeu que existe uma “grande possibilidade” de medidas serem adotadas com base na Lei Global Magnitsky, que autoriza punições a estrangeiros acusados de corrupção e violações de direitos humanos.
