Céu de Gaza se torna palco de tragédia com mais de 100 mortos em bombardeios
Mais de 100 pessoas perderam a vida em uma série de ataques aéreos durante a madrugada desta quinta-feira (15) na Faixa de Gaza. Segundo informações locais, os bombardeios concentraram-se principalmente na região de Khan Younis, no extremo sul do território, onde casas e tendas foram atingidas em meio à escuridão da noite.
Esse foi o dia mais letal desde que os ataques israelenses foram retomados em março. Desde quarta-feira (14), o número total de mortos ultrapassa 180, com dezenas de feridos ainda aguardando atendimento ou sendo resgatados dos escombros.
Um cinegrafista que acompanhava a situação em Khan Younis relatou pelo menos dez explosões consecutivas e corpos sendo levados ao necrotério do Hospital Nasser. A maior parte das vítimas estava abrigada em áreas residenciais, e entre elas havia mulheres e crianças — mais de 20 crianças perderam a vida nos últimos dois dias, de acordo com fontes locais.
As autoridades de saúde na região afirmaram que há corpos espalhados pelas ruas e pessoas soterradas, dificultando o resgate e o socorro imediato. As equipes de emergência enfrentam obstáculos para alcançar todos os pontos atingidos, devido à intensidade dos bombardeios e aos riscos de novos ataques.
“As explosões não param. Estamos vivendo com medo constante, dia e noite. Todo dia alguém morre, todo dia alguém se fere. Não sabemos quando será a nossa vez”, relatou Amir Saleha, morador da parte norte da Faixa de Gaza.
Entre os mortos confirmados está um jornalista da emissora Al Araby TV, identificado como Hasan Samour, que faleceu junto com 11 familiares durante um dos bombardeios.
As Forças Armadas israelenses informaram que, nos últimos dois dias, seus aviões atingiram 130 alvos considerados estratégicos por grupos militantes na região.
Os ataques acontecem em meio a uma visita do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Oriente Médio. Embora ele esteja visitando países da região do Golfo, Israel não está incluído na agenda. Havia expectativas de que a visita pudesse servir como ponte para negociações de um cessar-fogo ou mesmo para a retomada da ajuda humanitária à população de Gaza, que sofre com um bloqueio já prolongado por três meses.
Esta foi a segunda noite consecutiva de bombardeios intensos, com o total de vítimas ultrapassando 80 só na quarta-feira, em ofensivas que atingiram tanto o norte quanto o sul do território.
Escalada de violência na Faixa de Gaza
Os bombardeios se intensificaram nas últimas 48 horas, deixando um rastro de destruição e mais vítimas na Faixa de Gaza. De acordo com fontes locais, ao menos 80 pessoas foram mortas entre terça (13) e quarta-feira (14). Entre os mortos, estão 22 crianças, segundo informações do Ministério da Saúde do território.
A situação nas ruas é caótica. Várias vítimas ainda estão sob os escombros ou caídas em áreas atingidas, aguardando socorro. Mais de cem pessoas ficaram feridas nos ataques recentes, agravando ainda mais o colapso do sistema de saúde local.
Os ataques mais violentos desta quarta-feira ocorreram na região de Jabalia, no norte de Gaza, onde uma sequência de explosões atingiu diversas residências. Profissionais da saúde relataram que a maioria das vítimas eram civis, incluindo mulheres e crianças, que não conseguiram se proteger a tempo.
A escalada dos confrontos acontece em meio a declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que afirmou que as operações contra o Hamas serão levadas adiante com “força total”.
O cenário também é marcado por tensões após a recente libertação de Edan Alexander, um cidadão com dupla nacionalidade americano-israelense, que estava em poder do Hamas desde outubro de 2023.

Foto de Edan Alexander após ser solto
Na terça-feira, um ataque aéreo atingiu o Hospital Europeu, localizado em Khan Younis, no sul do território. Pelo menos 16 pessoas morreram e mais de 70 ficaram feridas no local. Testemunhas relataram novas explosões ao redor da unidade hospitalar na quarta-feira. As Forças de Defesa de Israel afirmaram que o alvo seria um centro de comando do Hamas instalado abaixo da estrutura do hospital — uma alegação negada por representantes do grupo.
Até o momento, não houve um novo pronunciamento oficial do Exército israelense sobre os bombardeios desta quarta-feira.
