A trajetória do conflito entre Madonna e Lady Gaga e o desfecho dessa rivalidade
Muito antes de reunirem multidões nas praias de Copacabana, Lady Gaga e Madonna já trilhavam caminhos curiosamente semelhantes no universo da música pop. Ambas vieram de famílias ítalo-americanas, mergulharam em sonoridades dançantes e deixaram sua marca com shows teatrais, visuais ousados e fases artísticas que se reinventaram com o tempo.
Apesar das diferenças geracionais, Gaga nunca escondeu sua admiração por Madonna. Um exemplo claro disso aparece nos agradecimentos do álbum que a lançou ao estrelato, “The Fame” (2008), onde escreveu:
“Gostaria de agradecer a Andy Warhol, David Bowie, Prince, Madonna e Chanel.”
Com o passar do tempo, o que começou como admiração mútua se transformou em um clima tenso entre duas das maiores figuras do pop. Em 2012, durante a turnê MDNA, Madonna causou burburinho ao inserir um trecho de “Born This Way” sucesso de Lady Gaga durante sua performance de “Express Yourself”, duas faixas frequentemente comparadas por fãs e críticos devido às semelhanças sonoras. Em seguida, ela ainda emendou com “She’s Not Me”, deixando claro o tom provocativo.
A mensagem foi direta: para muitos, Madonna insinuava que Gaga teria se inspirado além da conta em sua estética e sonoridade. A acusação parecia escancarada nos versos: “Ela não sou eu / Ela não tem meu nome / Ela nunca vai ter o que eu tenho.”
Esse tipo de afirmação não era novidade no repertório da Rainha do Pop. Anos antes, entre 2008 e 2009, durante a turnê Sticky & Sweet, Madonna reforçou sua posição como figura única no cenário musical ao surgir no palco cercada de dançarinas vestidas como versões passadas de si mesma uma forma simbólica de dizer: “sou insubstituível.”
No Brasil, 2012 foi um marco curioso: Lady Gaga, em ascensão aos 26 anos, se apresentou em novembro, enquanto Madonna, aos 54, chegou em dezembro, trazendo o peso de quem já testemunhou e moldou transformações no mundo da música pop.
Mesmo em meio ao ruído entre seus nomes, Gaga demonstrou maturidade e elegância. No documentário Gaga: Five Foot Two (2017), compartilhou sua frustração.
“Sempre tive admiração por ela. Ainda tenho, mesmo sem saber o que ela pensa de mim. Por mais que a respeite como artista, nunca entendi o motivo de ela não conseguir olhar nos meus olhos e falar algo diretamente.”
Um novo capítulo
A reconciliação só começou a se desenhar em 2019. Em uma festa pós-Oscar organizada por Madonna, as duas finalmente foram vistas juntas em clima amigável. Gaga, recém-premiada por “Shallow”, posou sorridente ao lado da veterana, sinalizando uma trégua.
Desde então, os gestos públicos de respeito e carinho se tornaram mais frequentes. Em 2023, ao ver um trecho da nova turnê de Madonna, Gaga comentou carinhosamente: “Te amamos, M.”
Já em 2024, foi a vez de Madonna demonstrar leveza ao brincar com um deslize durante um show em Toronto, onde acidentalmente chamou a cidade de “Boston”. Ao se desculpar, soltou uma piada: “Seria como vocês me chamarem de Lady Gaga. Eu não ia gostar.”
Mas, logo em seguida, completou com bom humor: “Quer dizer, não tenho nada contra a Gaga. Eu gosto dela. Sério! Eu gosto de qualquer uma que seja mais baixa que eu.”
