Deputadas acionam Conselho de Ética do Senado contra Plínio Valério por declaração sobre Marina Silva
Um grupo de deputadas formalizou, nesta quinta-feira (20), uma denúncia contra o senador Plínio Valério (PSDB-AM) no Conselho de Ética do Senado. A iniciativa foi motivada por uma declaração do parlamentar, na qual ele mencionou a possibilidade de “enforcar” a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, Marina Silva.
A representação, articulada pelo partido Rede Sustentabilidade, reuniu a assinatura de nove deputadas de diferentes siglas, incluindo:
- Benedita da Silva (PT-RJ)
- Duda Salabert (PDT-MG)
- Enfermeira Ana Paula (Podemos-CE)
- Gisela Simona (União Brasil-MT)
- Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
- Laura Carneiro (PSD-RJ)
- Maria Arraes (Solidariedade-PE)
- Tabata Amaral (PSB-SP)
- Talíria Petrone (PSOL-RJ)
Além delas, o deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE) também assinou o documento, reforçando o pedido para que o caso seja analisado e que medidas cabíveis sejam tomadas.
Na representação encaminhada ao Conselho de Ética do Senado, as deputadas argumentam que a declaração do senador Plínio Valério (PSDB-AM) ultrapassa os limites da imunidade parlamentar, já que não tem relação com sua atuação política, mas sim um tom explícito de violência de gênero.
“O teor de sua fala ultrapassa os limites da imunidade parlamentar, uma vez que não possui qualquer relação com sua atuação como representante do Estado do Amazonas, mas sim um evidente caráter de violência de gênero”, destaca um trecho do documento.
As parlamentares ainda reforçam que a fala do senador não apenas minimiza e desqualifica a presença da ministra Marina Silva no cenário político, mas também alimenta um discurso de incitação à violência contra a mulher—um crime previsto na legislação brasileira e que tem sido amplamente combatido, principalmente no meio político.
Declaração de Plínio Valério gera indignação e reação no Senado
A polêmica teve início na sexta-feira (14), quando o senador Plínio Valério (PSDB-AM) fez uma declaração durante um evento no Amazonas, referindo-se à participação da ministra Marina Silva em uma sessão da CPI das ONGs, onde ela permaneceu por cerca de seis horas prestando esclarecimentos.
“Imagina vocês o que é ficar com a Marina 6 horas e 10 minutos sem ter vontade de enforcá-la?”, disse o senador na ocasião, arrancando risadas do público presente.
A fala repercutiu negativamente e levou um grupo de deputadas a acionar o Conselho de Ética do Senado, argumentando que a declaração ultrapassa os limites da imunidade parlamentar e configura uma forma de violência de gênero.
Diante da repercussão, Plínio Valério comentou o caso no plenário do Senado, na quarta-feira (19), minimizando a gravidade do que foi dito e alegando que se tratava de uma brincadeira.
“Foram 6 horas e 10 minutos que eu a tratei com educação. Ela provocou e eu não entrei nisso, com toda educação. Por ser mulher, ministra, por ser negra, por ser frágil, foi tratada com toda delicadeza.”
O senador afirmou que não repetiria a fala, mas também disse que não se arrepende:
“Foi brincadeira. Se você perguntar, você faria de novo? Não. Mas se arrependo? Não. Foi uma brincadeira.”
A postura do parlamentar gerou reações dentro do próprio Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), foi pressionado a se manifestar e classificou a fala como inadequada e agressiva, mesmo que tenha sido dita em tom de brincadeira:
“Estamos vivendo um momento tão difícil que uma fala de um senador da República, mesmo de brincadeira, agride, infelizmente, o que nós estamos querendo para o Brasil.”
Plínio Valério, por sua vez, criticou a reprimenda pública de Alcolumbre e disse que a situação poderia ter sido resolvida em particular.
Já a ministra Marina Silva, ao comentar a declaração no programa “Bom Dia, Ministra”, não poupou palavras e classificou a fala do senador como algo típico de um psicopata.
